Trincheiras, Resistências e Utopias Pedagógicas: Escolas Alternativas em Curitiba Durante a Ditadura Militar

Neste instigante estudo que entrelaça História, Memória e Práticas a autora nos proporciona um contato no espaço/tempo com o cotidiano de algumas escolas denominadas “alternativas”: Oca, Oficina, Raphaël Hardy e o Jardim de Infância Pequeno Príncipe. Ao focar o seu olhar investigativo na idealização e práticas dessas quatro escolas, no período militar (1965-1986), sua pesquisa vai além do que comumente acontece no chamado “espaço da escola”. A autora busca nos relatos de uma “memória militante” e numa vasta pesquisa documental entender também a ação dos idealizadores de tais escolas. Isso, desde o enfrentamento político particular à época, passando pelas intervenções policiais que afetaram as suas vidas pessoais, até a experiência corajos a e concreta das escolas que projetaram. Com base nas re?exões de Michel Foucault e Michel de Certeau, o seu trabalho procurou detectar na experiência dessas Escolas Alternativas uma ação cultural em movimento, que se mostrou capa de provocar contes taç ão e resistência à educação formal em pelo menos três aspectos: na organização do espaço e tempos escolares nas discussões de gênero, família e moral e nos debates sobre liberdade e limites. A partir da ótica desses revolucionários educadores, a au tora nos mostra como eles tentaram colocar em prática o sonho de um mundo mais solidário, mais livre e de uma escola que pudesse também contribuir para construir o novo. Sonho este, em parte, partilhado pela autora, que como militante de escola pú bli ca se dedica para que um pouco desse ideal se concretize na educação brasileira. Será que o esforço de tais militantes da década de 1980, para construir uma nova maneira de ensinar e de pensar a escola, criou ressonância? Será que tal sonho reat i vo a uma época de limitações ditatoriais conseguiu forjar uma prática mais livre? A resposta está nas entranhas deste livro intenso, pessoal e deliciosamente rebelde.