Elementares: Notas Sobre a História da Literatura Policial

Relatos envolvendo crimes, mistérios e enigmas são quase tão antigos quanto a própria literatura, mas não resta dúvida de que o gênero policial começou a ganhar autonomia na primeira metade do século XIX, quando Edgar Allan Poe publicou ´Os assassina tos da Rua Morgue´. De lá para cá, a literatura policial só fez crescer e se diversicar, cativando geração após geração de leitores. Teóricos como Tzvetan Todorov e François Fosca fizeram a seguinte síntese do romance policial - parte-se de um caso a parentemente inexplicável uma personagem é culpada injustamente , a partir de indícios superficiais o analista (detetive) investiga, raciocina e derruba as teorias apressadas a solução do caso é sempre coerente e imprevista mas quanto mais extrao r dinário for o mistério, mais simples será a sua explicação - como, por exemplo em ´Os crimes da Rua Morgue´, de Edgar Allan Poe. Dupin, o detetive criado por Poe, foi o pioneiro do método hipotético-dedutivo, mais tarde adotado por Sherlock Holmes e Hercule Poirot (criados por Conan Doyle e Agatha Christie), que têm em comum a infalibilidade quase papal e a excepcional inteligência. Já Raymond Chandler e a escola dos tough writers americanos criaram detetives mais humanos, sujeitos a falhas e p róximos do homem comum. Mario Pontes mostra que, não obstante a excentricidade de muitos protagonistas, o romance policial se caracteriza por buscar sempre a verossimilhança. Autores e personagens trabalham prioritariamente com o real - mesmo quando deste real fazem parte componentes psicológicos e emocionais. Mais do que sugere o subtítulo Notas sobre a história da literatura policial, ´Elementares´ representa uma tentativa inédita no Brasil de sistematização das regras do gênero. Este livro d o jornalista e escritor Mario Pontes se associa assim a uma rica tradição internacional, mas vai além mostra como o romance policial, ao longo de seu primeiro século de existência, precisou superar obstáculos diversos, entre os quais a rejeição da c r